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Estar em paz com a respiração

O cultivo de mindfulness pode ser feito por meio de várias técnicas. Uma delas é aprender a focar na respiração. A respiração é universal, todos os seres humanos respiram e, portanto, ela pode ser utilizada por qualquer, independente de religião, nacionalidade, orientação sexual ou política, etc. Godwin Samararatne, um professor de mindfulness do Sri Lanka, revela os elementos essenciais dessa técnica: “A coisa simples desta técnica é que consiste apenas de aprender a estar atento. Tentamos não só aprender sobre a conscientização em relação à respiração, mas tudo o que está acontecendo em nossa mente e corpo. É muito simples. Se você está tendo pensamentos, você só sabe que os pensamentos estão lá. Se a respiração for rápida você sabe que a respiração é rápida. Se tem sensações desagradáveis no corpo, você sabe que há sensações desagradáveis no corpo. Enfatizo que todo o foco da técnica é saber apenas o que está acontecendo, momento em momento. Se sua mente estiver calma, você sabe que a mente está calma. Se a mente não estiver calma, você sabe que a mente não está calma. Se estamos meditando para conseguir uma mente tranquila, então, quando a tranquilidade chegar, nós vamos agarrar a tranquilidade. E é assim que o sofrimento é criado. Se existe tranquilidade, também existe sofrimento. Então, o objetivo desta meditação é algo muito simples; saber o que está acontecendo. E como digo com muita frequência, apenas ser receptivo e dizer ‘tudo bem’ para o quer que esteja acontecendo. Se você conseguir meditar dessa maneira, no momento em que estiver meditando você estará livre de sofrimento”.

Usar a respiração para cultivar a consciência plena não significa, assim, uma concentração exclusiva à respiração. Precisamos estar conscientes também do que está acontecendo com mente e corpo naquele momento. Cultivamos com isso uma apreciação à qualidade do ambiente mental e corporal em que a respiração ocorre. Sabemos se a mente está calma, se o corpo está tenso, se há apego ou aversão. E a partir desse entendimento podemos escolher a quantidade e o tipo de esforço que queremos colocar. Veremos que podemos cultivar um tipo de atenção em que não seja necessário tanto esforço, entendendo a natureza da respiração sem precisar desenvolver tensão ou foco intenso. A partir de nosso aprendizado com a respiração poderemos estender para outras atividades do dia a dia. Descobriremos que não precisamos alocar tanta atenção ao conteúdo daquilo que pensamos ou ouvimos, mas podemos estar conscientes também do espaço em que pensamentos e sons ocorrem, ou do contorno entre ativações e silêncios, expansões e contrações. Sem agarrar ferrenhamente às coisas poderemos relaxar no momento presente, apreciando a vida se desenrolando diante de nós.

* Ricardo Sasaki é psicólogo clínico e um dos professores do NUMI.

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