Temos muitas ideias sobre o que é a vida. Provavelmente se nos é perguntado o que é a vida vamos responder com alguma teoria, alguma crença. Podemos repetir algumas dessas frases que recebemos em PowerPoint por e-mail, tipo “a vida é”…
É difícil darmos respostas sobre o que é a vida. Respostas pessoais vindas da experiência. Desde que nascemos somos bombardeados com crenças. Nossos pais, escola, amigos, todos nos influenciam. E acabamos moldados por crenças, medos, expectativas, pressões grupais e culturais… vamos aprendendo não a viver e investigar a vida, mas aprendendo o que aquela sociedade, o que aquele determinado grupo social em que nós vivemos e crescemos – o que eles pensam a respeito da vida.
Uma das boas coisas de viajar para fora do país onde se nasce é descobrir que outras pessoas pensam de outras maneiras e que a vida para outras pessoas pode ser algo totalmente diferente em outros países, em outras culturas. E quanto mais afastada a cultura que você visita mais parece que a vida pode ser encarada de uma maneira diferente.
Mas não precisamos sair do país. Crescemos em um certo nicho cultural, social, político, e bastaria apenas que tivéssemos mais experiência, ou talvez ter os olhos um pouco mais abertos, e descobriríamos que em diferentes classes sociais, diferentes comunidades, até bem próximas de nós, podemos encontrar modos de perceber as coisas bem diferentes. Nossa deficiência em perspectiva provém da estreiteza de nossas experiências.
Quando nos perguntamos o que é a vida não adianta querermos dar uma resposta baseada naquilo que aprendemos no passado. Precisamos fazer perguntas mais fundamentais como: “O que é viver?”, “O que é a vida?”, “O que é esta vida?” Para isso precisamos estar presentes neste processo de viver.
Quando começamos a praticar uma meditação que nos traz para o presente começamos a entender o quanto é difícil estar presente no puro viver. Sempre está em outro lugar. Sempre o pensamento leva todo o resto de nós para outros lugares – para o futuro, para o passado, para presentes alternativos, para fantasias, sonhos, coisas que você gostaria que acontecessem depois de hoje, coisas antes de hoje que você gostaria de esquecer…
Perguntar “O que é viver?” implica poder viver da maneira mais genuína e presente possível. Exige colocar esforço. Perseverar na observação do corpo, da mente, da vida em torno. Quanto mais conseguirmos compreender o que é viver também obteremos mais compreensão sobre “Como podemos viver realmente”? Em outras palavras, como podemos viver da maneira mais verdadeira possível.
Isso implica em um nível um pouco mais profundo. Precisamos não só entender para nós mesmos o que é viver, o que é viver com esse corpo, com essa mente que temos, mas uma vez que tomamos o caminho de uma consciência mais plena, a próxima investigação que se coloca é como podemos viver da maneira mais verdadeira.
* Ricardo Sasaki é psicólogo clínico e um dos professores do NUMI.