Em uma companhia aérea brasileira, em cada poltrona há uma toalhinha que na parte de trás é possível ler a seguinte frase: “Descubra se o futuro é cinzento mesmo, ou se é você que está de olhos fechados”. Essa é uma frase maravilhosa para começarmos no caminho da meditação!
Temos muitas preocupações sobre o futuro. Como será nosso futuro? Quais são os nossos planos? Nossas dúvidas abarcam também o presente. Como que nós estamos e como nos sentimos? Qual é nossa situação? Por vezes, temos um mundo meio cinzento e, em outros casos, o mundo é até animado demais. O caminho da meditação não consiste aprender nada extraordinariamente exótico e inusitado. O que aprendemos é uma forma diferente de fazer as mesmas coisas. Este é um tipo de abordagem da meditação em que não estamos interessados em acréscimos culturais. Não queremos algo oriental, quer seja especificamente indiano, tailandês, chinês ou japonês, em nossa meditação. Não vamos aprender uma técnica oriental. Vamos aprender somente a estarmos mais atentos, olhar mais profundamente aquilo que já temos e vivemos.
Ao começar no caminho da meditação existem algumas coisas importantes para serem lembradas. A primeira delas é ter clareza a respeito do que queremos. Queremos aprender uma forma diferente de fazer as mesmas coisas. Estaremos fazendo basicamente as mesmas coisas. Vamos estar sentados, andaremos, comeremos e dormiremos, mas de um modo diferente. E não só de uma maneira diferente, mas de uma forma mais intensa e penetrante.
É preciso dar um basta na abordagem superficial de nossa vida. Não conseguimos olhar com compreensão e nitidez o como vivemos. Isso se aplica à maneira como pensamos, sentimos e nos movemos. São coisas que fazemos o tempo todo, mas nesta abordagem meditativa, queremos descobrir de uma forma um pouco mais íntima, penetrante e intensa, o como que fazemos todas essas coisas. Em outras palavras, observarmos com profundidade como vivemos.
Para realizarmos esse aprofundamento do olhar contamos com algumas ajudas, que poderemos chamar de técnicas ou métodos. Não são elas que são importantes, mas a visão do todo, o propósito de aprofundar, a determinação de prosseguir. Os métodos nos ajudam a descobrir e levar uma maior investigação das ações corporais, verbais e mentais que já realizamos em nosso dia a dia. Os métodos servem ao propósito. Ir mais fundo no que vivemos e entendemos.
* Ricardo Sasaki é psicólogo clínico e um dos professores do NUMI.