Planeje meditar

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Você já parou para pensar o que você pode fazer para se tornar um meditante regular e compromissado?

Um novo ano chegando e como é costume para muitos começa a chegar aquele momento de traçar planos para o futuro. Investigamos aquelas coisas que são mais importantes para nós, aquilo que sentimos como necessário ou simplesmente um sonho e uma esperança de sermos melhores do que o ano que passou. Você já pensou em colocar a meditação como parte de seus planos no ano que vem?

Mesmo aqueles que já passaram por algum treinamento em meditação sabem das dificuldades encontradas em tornar essa atividade uma parte integrada à vida de todos os dias. Você já parou para pensar o que você pode fazer para se tornar um meditante regular e compromissado?

Um dos erros mais comuns é deixar para meditar quando se está com vontade. Isso é uma péssima estratégia! Quando você se coloca à mercê de seus desejos e vontades, muito provavelmente acabará gastando seu dia em tudo menos aquilo que é o mais importante para você. É fundamental distinguirmos o importante do urgente. Urgente é responder as mensagens que chegam, as ligações de clientes, amigos e colegas de trabalho, cuidar dos pequenos detalhes do cotidiano familiar, limpar sua caixa de emails, assistir aquele filme que está em cartaz e que você não pode perder, e coisas assim. É possível passar toda uma vida apenas respondendo às coisas urgentes e nunca dar atenção àquilo que realmente alimenta seu coração profundamente, aquilo que constrói uma fundação psicológica sólida, aquilo que avança claramente os seus objetivos e sonhos mais superiores na vida. Geralmente o que é urgente não é assim tão importante em termos de profundidade vivencial, e o que é importante não vai aparecer como urgente, justamente porque são realizações que se constroem ao longo do tempo.

Sabemos que a meditação é parte da categoria do importante. Ela é construída em longo prazo, e seus benefícios se acumulam apenas com a prática regular. Então, não espere que ela apareça como urgente em sua vida. Meditar quando se tem vontade é jogar a prática para aquela dimensão futura que acreditamos que existe e que chegará… um dia. Achamos que no futuro (amanhã, daqui um mês, ano que vem, algum dia) faremos o que é importante. Só precisamos resolver agora o que é urgente! Isso não funciona, e se você quiser estabelecer uma prática de meditação sólida será preciso mudar de atitude. Será preciso ter uma estratégia.

Em um estudo realizado na Universidade de Stanford, EUA, alunos foram divididos em três grupos. No primeiro os alunos eram avisados, uma única vez, que as provas estava chegando. No segundo eles foram avisados duas vezes. Esses eram os grupos de controle. Finalmente, no terceiro grupo foi pedido aos alunos para que pensassem sobre o seu próprio processo de pensamento e de estudo, e que montassem uma estratégia de estudo que pudesse tornar seu aprendizado mais efetivo. O segundo grupo foi duas vezes melhor nos exames que o primeiro. Mas o terceiro grupo foi melhor do que os dois primeiros. “Nossa principal compreensão nesta pesquisa foi sobre a importância de ter um objetivo e ser cuidadoso em relação a como isso é escolhido e como se usa as fontes de aprendizado – ou em relação a qualquer outro objetivo”, conclui Patricia Chen que dirigiu o estudo.

Se você acorda sem ter uma ideia geral das atividades do dia é muito mais provável que você seja tragado pelo urgente, pelas atividades soltas e sem consciência, sendo constantemente surpreendido pelos pequenos detalhes aqui e ali que chamarão sua atenção. A falta de clareza é sinônimo de confusão. Planejar e cultivar a metacognição a respeito do processo meditativo pode ser essencial para torná-la parte integrante da vida. A falta de entendimento sobre seu dia levará a um dia desperdiçado. Não é preciso se dedicar obsessivamente a planejar cada detalhe do dia, mas algum plano geral é importante. E você deve colocar a meditação dentro desse plano.

* Ricardo Sasaki é psicólogo clínico e um dos professores do NUMI.

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