Mindfulness Engajado

Nas últimas quatro décadas, o movimento secular de mindfulness (“atenção plena”, “consciência plena” ou “observação vigilante”) ganhou o mundo ocidental através de programas psicoeducativos estruturados, como o MBSR (Redução de Estresse Baseada em Mindfulness), o MBCT (Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness) e vários outros protocolos semelhantes. Essas intervenções vêm demonstrando, através de evidências científicas, alguns benefícios relacionados à promoção de saúde mental. 

Trata-se de um conceito multifacetado. Mindfulness pode significar um conjunto de práticas (bem definidas e estruturadas) ou um estado mental particular (atento, focado e genuinamente aberto à experiência que se manifesta no momento presente). Este conjunto de conhecimentos, práticas e habilidades, assim como organizados e propostos nesses programas, foi originalmente desenvolvido, incorporado culturalmente e disseminado há mais de dois mil e quinhentos anos, em diversas regiões do planeta, através de tradições contemplativas.

Ainda que variados e, portanto, distintos entre si, há um razoável consenso na comunidade internacional de que os Programas Baseados em Mindfulness (PBM) compartilham um conjunto de ingredientes fundamentais (Crane, 2017): 

  • São estruturados por teorias e práticas que derivam de uma confluência entre tradições contemplativas, ciência e disciplinas da psicologia, medicina e educação.
  • Sustentados por um modelo que aborda as causas da angústia e do sofrimento humano e os caminhos para aliviá-los.
  • Voltados ao desenvolvimento de um novo relacionamento com a experiência, caracterizado pelo foco no momento presente, descentralização (ou desfusão cognitiva) e abertura ao contato com o que se manifesta.
  • São laicos, sustentados por evidência científica e abordagens contemporâneas.
  • Aplicáveis em contextos seculares, de ampla variedade cultural e igualmente acessíveis a pessoas com distintas filiações religiosas e valorativas.
  • O treinamento é realizado através de práticas formais diárias, realizadas individualmente, com o apoio de orientações gravadas.
  • Ao longo do programa, os participantes são também incentivados a ampliar o campo de aplicação de mindfulness através das práticas informais, trazendo conscientização de maneiras específicas às atividades cotidianas.
  • Tipicamente incluem práticas voltadas ao desenvolvimento da autorregulação atencional e cognitiva, tendo as sensações corporais como objeto da atenção (escaneamento corporal, movimentos com plena consciência, caminhada meditativa e observação da respiração), autorregulação emocional (monitoração de eventos e estados mentais), práticas generativas, voltadas ao cultivo de determinados estados mentais saudáveis e atitudes correlatas (compaixão e autocompaixão, amorosidade, equanimidade, alegria apreciativa, interdependência e gratidão) e de insights em relação a características da mente e dos fenômenos (práticas reflexivas e não duais).

As evidências mais recentes indicam benefícios significativos para uma ampla gama de doenças crônicas relacionadas ao estresse, para as quais os tratamentos tradicionais costumam trazer desfechos positivos parciais, tais como dor crônica, fibromialgia, síndrome do intestino irritável, psoríase e outras condições inflamatórias. Além disso, esses programas têm demonstrado auxiliar no tratamento de transtornos mentais e comportamentais, como transtornos de ansiedade, transtornos de humor e de adicção. No Reino Unido, o Serviço Nacional de Saúde (NHS) padronizou o programa MBCT (Mindfulness Based Cognitive Therapy) como o tratamento de primeira escolha para pacientes que sofrem de transtorno depressivo maior, após um estudo rigoroso ter evidenciado que a intervenção é tão eficaz quanto o uso de medicamento antidepressivo na prevenção de recaídas de depressão (Kuyken et al., 2015). Outro estudo, mais recente, identificou que o programa MBSR (Mindfulness Based Stress Reduction) foi tão efetivo quanto o medicamento padrão-ouro Escitalopram para o tratamento de pacientes com transtorno de ansiedade generalizada (Hoge, 2023). As evidências sustentam também benefícios para a melhora da função neurocognitiva (atenção sustentada e memória de trabalho), sono, promoção da saúde e qualidade de vida (Creswell, 2017). 

Em que pese toda a positividade dos benefícios de fato alcançados através dos PBMs, o propósito original da prática de mindfulness é muito mais profundo e abrangente do que a redução de determinados sintomas ou a promoção individual da sensação de bem-estar e qualidade de vida. Ademais, a forma como essa abordagem vem sendo aplicada e difundida no ocidente, embalada pela objetividade e pela eficácia cientificamente atestadas, tem merecido relevantes considerações críticas. Conforme apontam Purser e Loy (2019), a popularidade crescente do movimento mindfulness também o transformou em uma indústria altamente lucrativa e, em ampla medida, amistosa e colaborativa das lógicas ideológicas alienantes do capitalismo contemporâneo. A prática tem sido aplicada em escolas, corporações, nas forças armadas e em prisões, mas com intenções distintas às de suas origens. Conforme salienta o Prof. Ramon Cosenza (2019), as corporações não querem necessariamente funcionários mais conscientes ou socialmente responsáveis, mas sim o aumento da produtividade, foco aumentado na resolução de problemas da empresa e menos custos de saúde, pela diminuição da ansiedade e do estresse. Tudo isso, naturalmente, sem refletir sobre e, muito menos, transformar as condições de trabalho ou o impacto nocivo de suas atividades na sociedade e no meio ambiente. As forças armadas também desejam soldados mais focados e menos estressados, de modo a executar mais eficientemente as ordens que recebem. Algo semelhante pode ocorrer até na educação, onde é interessante para o sistema dominante que haja professores e alunos mais conformados e menos críticos com os problemas reais da escola e do meio social.

Em suas origens nas tradições contemplativas, mais especificamente, no contexto da filosofia (visão de mundo), da psicologia (compreensão da mente) e da pedagogia (métodos de ensino e treinamento) buddhistas, o aprendizado e desenvolvimento de mindfulness faz parte de um tríplice cultivo, um verdadeiro tripé, nas palavras do Prof. Ricardo Sasaki (2017), destinado a sustentar a liberdade de um viver consciente e desperto. Seus vértices são apresentados como indissociáveis, sendo eles: o cultivo do discernimento e da sabedoria (prajña); o cultivo da conduta ética (sila) e o cultivo da disciplina mental (samādhi). Este amplo e robusto treinamento, por sua vez, encontra-se a serviço de algo muito bem definido: constituir um caminho na direção da diminuição ou eliminação do sofrimento e suas causas. O cultivo do discernimento/sabedoria implica, dentre outros elementos, em abrir-se à observação das características da realidade percebida, tais como a condição humana de insatisfatoriedade (dukkha) diante da impermanência ou transitoriedade dos fenômenos (anicca) e de sua natureza interdependente e, portanto, condicionada, ou seja, da ausência de uma essência isolada e independente de qualquer fenômeno (anatta). O cultivo da conduta ética, por sua vez, é sustentado por valores e atitudes como equidade, verdade, lealdade, clareza, justiça, compaixão, amistosidade e não-violência (não causar dano / sofrimento). Leva em consideração dinâmicas de causas e efeitos e se coloca a serviço da construção conjunta e participativa de meios salutares para o convívio, o viver com, bem como para a sustentabilidade. Finalmente, a disciplina mental sustenta-se através da correta aplicação do esforço (vāyāma), da vigilância (sati / mindfulness) e da concentração (samadhi), estando esses elementos voltados ao cultivo de estados mentais saudáveis. 

Assim como destacado por Loy (2008, p.89), no lugar de enfatizar a dualidade entre bem e mal, a psicologia buddhista faz a distinção entre tendências, motivações ou reações mentais saudáveis/benéficas (kusala) ou insalubres (akusala), isto é, que promovem insatisfação/sofrimento. De acordo com essa abordagem, há quatro fundações, bases ou áreas para se estabelecer e manter mindfulness no dia a dia (satipaṭṭhānā). São elas: mindfulness em relação ao corpo (kāya-sati), mindfulness em relação às sensações (vedanā-sati), mindfulness em relação à mente (citta-sati) e mindfulness em relação aos fenômenos e à natureza da existência (dhammā-sati). Além disso, há três fases para a sua aplicação. Num primeiro momento, o cultivo de mindfulness possibilita-nos observar com clareza os modos habituais de como a mente reage ao contato com aquilo que a ela se apresenta. Tal faculdade, assim como transmitido pelo Prof. Sasaki, pode ser simbolizada como um vigilante que, assumindo diligentemente seu posto na torre do castelo, num primeiro momento cultiva uma visão clara e aberta (livre de pré-julgamentos) dirigida àqueles que se apresentam desejando adentrar a fortaleza. É função do vigilante verificar se o visitante é amigo (benfeitor) ou inimigo (traz prejuízos), definindo, assim, se autoriza ou não a sua entrada. Num segundo momento, ao identificar uma reação mental não benéfica, mindfulness atua no sentido de proteção à instalação dessas categorias de estados mentais insalubres. A psicologia buddhista identifica três grandes categorias de estados mentais negativos ou prejudiciais (kilesas) que promovem sofrimento e, portanto, devem ser evitados: (1) a ganância, avidez ou apego (lobha) diante de experiências/sensações agradáveis e desejáveis; (2) a aversão ou hostilidade (dosa) diante de experiências/sensações desagradáveis e indesejáveis; e (3) a confusão ou ignorância (moha) diante de experiências/sensações imprecisas ou neutras. Na simbologia do vigilante, ao identificar o forasteiro como inimigo, ele ordena que se fechem os portões, na intenção de resistência à invasão. Eventualmente, entretanto, podemos não estar atentos/despertos o suficiente para perceber quando reações mentais nocivas se apresentam ao contato com determinados fenômenos ou circunstâncias, viabilizando a instalação de estados mentais insalubres. Tal situação, assim que notada,  abre caminho à terceira possibilidade ou fase de aplicação de mindfulness, caracterizada por uma ação intervencionista de restauração ou recuperação.  Nesse caso, o vigilante aciona todo o sistema de segurança para o enfrentamento, neutralização e retirada do inimigo do castelo. 

Dentro dessa perspectiva, o “senso de eu” (ego/self) de um sujeito é composto largamente por suas motivações e intenções habituais, bem como pelas ações correlatas que as acompanham. Intenções insalubres reforçam o senso (ilusório) de separação entre eu e os outros, isto é, o egoísmo. Esse é o motivo pelo qual elas devem ser transformadas em suas contrapartes mentais benéficas e não duais: a ganância em generosidade; a aversão ou hostilidade em abertura à diferença e amistosidade compassiva; a ilusão ou ignorância em sabedoria. E é justamente a essa habilidade vigilante de identificação (discernimento), resistência e de enfrentamento que, em última instância, o cultivo de mindfulness se coloca (ou ao menos teria a grande potência de se colocar) a serviço.

Ocorre que, na contemporaneidade (diferentemente da época em que compartilhou seus ensinamentos o Buddha histórico), essas três venenosas motivações e intenções insalubres não atuam apenas individualmente, mas também operam de modo coletivo e institucionalizado, exigindo intervenções sociais. Na perspectiva de Loy (2008, p.89), o atual sistema econômico institucionaliza a ganância, o militarismo institucionaliza a hostilidade e a mídia corporativa institucionaliza a ilusão. Com relação à ganância institucionalizada, ele questiona:

“Quem é o responsável pela pressão de crescimento contínuo? (…) O sistema atingiu vida própria. Todos nós participamos nesse processo como trabalhadores, empregados, consumidores, investidores, pensionistas, com pouco (quando algum) senso pessoal de responsabilidade moral pelo que ocorre. Tal consciência foi diluída tão completamente que se perdeu no anonimato impessoal do sistema econômico corporativo.” (Loy, 2008, p.90)

No que se refere à hostilidade generalizada, há muitos exemplos de violências estruturais como o machismo, misoginia, homo e transfobia, o pacto da branquitude e o racismo, o imperialismo, colonialismo e xenofobia, a insidiosa concentração de riquezas e o classismo, o sistema judicial punitivo, dentre outros, mas, na perspectiva de Loy, o mais contundente é a militarização. Sob a justificativa de auto-defesa coletiva (“wego”) há toda uma racionalização de atitudes hediondas, incluindo torturas e massacres. Alguns são culpados, mas todos são responsáveis, sentencia o autor. Finalmente, ao abordar a institucionalização da ignorância/ilusão, para além da bolha individual de ilusão dentro da qual cada um de nós vive, que distorce nossas percepções e expectativas, o autor salienta existir uma bolha muito maior dentro da qual todos vivemos e que determina largamente como nós entendemos coletivamente o mundo e a nós mesmos.

“A instituição mais responsável por moldar o nosso senso coletivo de eu é a mídia. (…) É importante perceber que nós não estamos simplesmente sendo manipulados por um grupo de pessoas espertas que se beneficiam dessa manipulação. Na verdade, estamos sendo manipulados em uma forma auto-ilusória por um grupo de pessoas que (erroneamente) pensam se beneficiar disso – porque elas também compram a ilusão raiz de que seus egos são separados das outras pessoas. Elas também são vítimas de sua própria propaganda.”  (Loy, 2008, p.93)

Em um momento civilizatório caracterizado como a “era da informação”, onde as chamadas “Big Techs” (empresas como Google, Microsoft, Meta, Tesla etc.) expressam uma concentração de dados, riquezas e poder inéditos na história da humanidade e do capitalismo e onde novas tecnologias como as redes sociais, realidade virtual e inteligência artificial conferem a essas mega corporações, também de forma sem precedentes, uma influência direta e significativa nas culturas, costumes, escolhas, comportamentos, visões de mundo e sociabilidade, mostram-se de especial relevância estratégias que promovam a observação e a consciência críticas, aliadas a ações que visem identificar, resistir e combater a ilusão (manipulação), a hostilidade e a ganância, em suas expressões tanto individuais quanto coletivas. 

Por todo o exposto, da forma como a compreendemos e abordamos, desde suas origens tradicionais até suas expressões contemporâneas e seculares, muito mais do que atividade mentalista, autocentrada, alienante, docilizadora e reguladora de corpos, ou ferramenta utilitarista empregada na busca hedônica, individualista e descontextualizada, caracterizada seja por produtivismo ou por descontração, satisfação e bem-estar pessoais, mindfulness é uma qualidade diferenciada da atenção (um atributo humano universal) que é dependente e influenciada por muitos outros fatores: a natureza de nossos pensamentos, palavras e ações, a nossa maneira de ganhar a vida e nossos esforços para evitar comportamentos nocivos e inábeis, enquanto desenvolvemos aqueles que são favoráveis à ação correta, à harmonia social e compaixão. Integra um amplo e robusto arcabouço pedagógico, caracterizado por aquilo que Paulo Freire (1996) considerou fundamentalmente humano no exercício educativo: contribuir para a formação de sujeitos. Sujeitos autônomos, emancipados, livres, conscientes, críticos, responsáveis, éticos e socialmente comprometidos. Pessoas aptas e interessadas em enxergar-se, com abertura, clareza e discernimento, indissociáveis do mundo em que se encontram sócio historicamente inseridas, nele interagindo e atuando de forma engajada na direção do complexo e perene cultivo coletivo do bem-comum. Esse é o nosso convite para a pactuação de visões, conceitos e intenções na direção de uma abordagem laica, crítica e responsável de mindfulness que se coloque à serviço do enfrentamento e da transformação dos complexos desafios estruturais contemporâneos que se impõem, partindo de uma atitude de respeito, humildade e honestidade intelectual em relação aos riquíssimos e generosos conhecimentos e práticas advindos das tradições contemplativas de onde essa robusta e potente abordagem foi retirada.

.: Paulo Faleiro é psicólogo clínico especialista na abordagem sistêmica, mestre e doutorando em psicologia social pela UFMG, professor da Faculdade de Ciências Médicas/MG, fundador e um dos professores do NUMI – Núcleo de Mindfulness.


Referências Bibliográficas Citadas

  • Cosenza, Ramon M. McMindfulness, a Motivação e a Gratidão. 2019. Disponível em: <https://nucleonumi.com.br/mcmindfulness-a-motivacao-e-a-gratidao/> Acesso em: 03 set. 2023.

  • Crane RS, Brewer J, Feldman C, Kabat-Zinn J, Santorelli S, Williams JM, Kuyken W. What defines mindfulness-based programs? The warp and the weft. Psychol Med. 2017 Apr;47(6):990-999. doi: 10.1017/S0033291716003317. Epub 2016 Dec 29. PMID: 28031068.

  • Creswel, J. D. Mindfulness Interventions. Annual Review of Psychology. 2017. 68:1, 491-516.

  • Freire, P. Pedagogia da Autonomia. 1996. 4. ed. São Paulo: Paz e Terra.

  • Hoge EA, Bui E, Mete M, Dutton MA, Baker AW, Simon NM. Mindfulness-Based Stress Reduction vs Escitalopram for the Treatment of Adults with Anxiety Disorders: A Randomized Clinical Trial. JAMA Psychiatry. 2023;80(1):13–21. doi:10.1001/jamapsychiatry.2022.3679.

  • Kuyken W, Hayes R, Barrett B, Byng R, Dalgleish T, Kessler D, Lewis G, Watkins E, Brejcha C, Cardy J, Causley A, Cowderoy S, Evans A, Gradinger F, Kaur S, Lanham P, Morant N, Richards J, Shah P, Sutton H, Vicary R, Weaver A, Wilks J, Williams M, Taylor RS, Byford S. Effectiveness and cost-effectiveness of mindfulness-based cognitive therapy compared with maintenance antidepressant treatment in the prevention of depressive relapse or recurrence (PREVENT): a randomized controlled trial. Lancet. 2015 Jul 4;386(9988):63-73. doi: 10.1016/S0140-6736(14)62222-4. Epub 2015 Apr 20. Erratum for: Lancet. 2016 Oct 1;388(10052):1376. PMID: 25907157.

  • Loy, David. Money, sex, war, karma: notes for a Buddhist revolution. 2008. MA. Wisdom Publications.

  • Purser, R.E., & Loy, D.R. Beyond McMindfulness. New York/London: Repeater Books / Random House, 2019.

  • Sasaki, R. O Tripé de Mindfulness. 2017 Disponível em: <https://nucleonumi.com.br/o-tripe-de-mindfulness/> Acesso em: 03 set. 2023.


1 comentário em “Mindfulness Engajado”

  1. Sensacional, Paulo. Mindfulness para nos libertarmos de nossos hábitos insalubres baseados em crenças miúdas e cruéis, moldadas por uma sociedade doente, e agirmos mais livremente segundo visões de mundo que valorizem a vida em sua pluralidade de manifestações, a serviço do bem comum e do respeito ao planeta.

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