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MBCT: Uma abordagem promissora para prevenir a recaída da depressão

MBCT: Uma abordagem promissora para prevenir a recaída da depressão

MBCT: Uma abordagem promissora para prevenir a recaída da depressão

por Ana Cristina Cardoso e Lorenza Romero Dinelli

Como psicólogas clínicas, temos conhecimento da dimensão do prejuízo e do grande sofrimento humano que a depressão pode causar. Particularmente, no momento tão desafiador que estamos vivenciando, é possível observar um aumento significativo nos casos de depressão e ansiedade.

Atualmente, a abordagem mais utilizada para prevenir a recaída depressiva é o uso continuado de medicamentos antidepressivos. Contudo, muitos pacientes buscam acesso a abordagens psicológicas para evitar o risco de depressão, uma vez que algumas pessoas podem não se adaptar ao tratamento prolongado com antidepressivos por diversas razões, seja pela dificuldade para tolerar os efeitos colaterais, seja o caso de mulheres que querem engravidar ou estejam amamentando, entre outras situações.

O programa de Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness – MBCT, foi desenvolvido por três psicólogos clínicos, com ampla experiência em Terapia Cognitiva e pesquisadores proeminentes: Doutores Mark Williams, John Teasdale e Zindel Segal. O objetivo inicial era prevenir a recaída depressiva e ajudar os pacientes com depressão recorrente a se manterem bem, em longo prazo.

Os pesquisadores identificaram que a vulnerabilidade para a depressão se encontra em um ciclo que se retroalimenta, em que o humor deprimido pode desencadear um fluxo de pensamentos negativos, assim como os pensamentos negativos podem ativar o humor deprimido. Pessoas com histórico de depressão são mais suscetíveis a reagir a pequenas mudanças no humor com grandes alterações na intensidade de pensamentos negativos.

Diante disso, o programa MBCT visa ensinar aos participantes a mudar seu relacionamento com os pensamentos, emoções e sensações corporais. Eles têm a oportunidade de perceber esses eventos na mente e no corpo, como passageiros. Os participantes aprendem a identificar, com mais clareza, as alterações sutis do humor e a não mais se engajar no padrão de pensamentos negativos ruminativos. Além disso, desenvolvem a habilidade de estar em contato com o momento presente e permanecerem bem, mesmo diante de pensamentos, emoções e sensações físicas desafiadoras; sem ruminações sobre o passado ou preocupações excessivas sobre o futuro.

O programa MBCT é inspirado no programa de Redução de Estresse Baseado em Mindfulness, desenvolvido por Jon Kabat-Zinn. O MBCT inclui práticas de mindfulness, com meditações guiadas, combinadas a elementos da Terapia Cognitivo-Comportamental, além de psicoeducação sobre os aspectos clínicos da depressão e do estresse.

Pesquisas científicas comprovaram a eficácia do programa MBCT não só para a prevenção da recaída depressiva mas, também, para o alívio de estresse, ansiedade e para promoção de qualidade de vida. Por isso, hoje ele é amplamente oferecido pelo Sistema Público de Saúde do Reino Unido.

Dados de seis pesquisas com amostras randomizadas controladas indicaram que o programa MBCT é tão eficiente quanto doses de manutenção de medicamentos antidepressivos para prevenir a recaída da depressão (Piet J. & Hougaard E., 2011). Assim, para pessoas com quadro depressivo que procuram uma abordagem psicológica para se manterem bem, o programa MBCT se mostra acessível, considerável e com boa relação custo-efetiva. Inclusive, o National Institute for Health and Clinical Excellence recomenda o MBCT para pessoas que já vivenciaram três ou mais episódios depressivos, como intervenção para ajudá-las a permanecerem bem (National Collaborating Centre for Mental Health, 2009). Estudos mostraram, ainda, que os participantes do programa MBCT desenvolveram, tanto a consciência plena quanto autocompaixão. Foram precisamente essas habilidades que explicaram as mudanças nos sintomas depressivos mesmo 15 meses após o término do programa (Kuyken et al., 2010).

Esse texto é baseado nos dados apresentados no artigo de M. Williams & W. Kuyken, 2012.

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